A arqueóloga Edith
Pereira fala na audiência pública. Foto: Jeso Carneiro
Na nova edição do
jornal Tapajós Agora, que chega amanhã (9) às bancas:
O governo estadual
foi o alvo principal de críticas e cobranças feitas em uma recente audiência
pública realizada em Monte Alegre, na Calha Norte, que debateu a preservação de
dois importantes sítios arqueológicos (foto abaixo) localizados no
município – ambos sob ameaça de destruição por vandalismo, pichação e visitas
desordenadas.
Passados quase três
anos, o projeto que prevê a construção de uma infraestrutura com espaço para
auditório, guarda-volumes, sala multiuso, lanchonete, plataformas de acesso,
inclusive para deficientes físicos, placas informativas nos sítios
arqueológicos denominados Serra da Lua e Pedra do Mirante, ainda não saiu do
papel.
“E não é por falta
de recursos”, esclareceu a vereadora Lúcia Braga (PPS – foto), que
organizou a audiência pública ocorrida no último dia 27, à noite, no plenário
lotado da Câmara Municipal de Monte Alegre.
Verba federal
Segundo a
parlamentar, há cerca de três milhões de reais nos cofres públicos estaduais,
para ser usado na viabilização do projeto. Recursos, inclusive, federais,
repassados ao Pará pela União, através do Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico
Nacional), no montante de um milhão de reais.
“A preservação
desses sítios está em xeque. O governo tem que agir rápido, sob pena de Monte
Alegre perder uma riqueza de valor histórico inestimável, com consequências
irreparáveis não só para a arqueologia brasileira, como também para o turismo
de nosso município”, disse Lúcia Braga ao Tapajós Agora.
A preocupação da
vereadora é compartilhada pela arqueóloga Edith Pereira, do Museu Paraense
Emílio Goeldi, que estava presente na audiência pública. Ela é uma das mais
importantes pesquisadoras em sítios arqueológicos na Amazônia, de modo especial
os 24 catalogados em Monte Alegre, com datações de até 11 mil anos.
Obra de referência
É de Edith Pereira
o livro “A Arte Rupestre de Monte Alegre”, lançado em 2012, no qual a autora
chama atenção para o estado de conversação dos sítios e da necessidade de
preservá-los. A obra é referência em estudos de políticas de preservação e
gestão do patrimônio rupestre.
Aos presentes na
audiência, a arqueóloga paraense defendeu a execução imediata do projeto, para
garantir a preservação dos sítios, através do fomento do ecoturismo, com a
ativa participação, principalmente, das comunidades localizadas no entorno da
Serra da Lua e Pedra do Mirante.
Os sítios
arqueológicos do município estão dentro da APA (Área de proteção Ambiental)
Paytuna, onde está o Pema (Parque Estadual de Monte Alegre), criado em 2001 e
gerenciado Semas, inicialmente, e agora, com a reforma administrativa
implementada pelo governador Simão Jatene em janeiro deste ano, pelo
Ideflor-bio (Instituto do Desenvolvimento Florestal e da Biodiversidade do
Pará).
Outro lado
Na audiência, a
gerente do Ideflor-bio na Calha Norte, Patrícia Messias, afirmou que o governo
deve, até o final deste mês de maio, dá início à licitação, com lançamento do
edital, para as empresas interessadas na execução do projeto.
Segundo ela, o atraso nas obras deve-se a questões burocráticas e, nos últimos
meses, às mudanças na estrutura administrativa no governo.
Em junho, destacou Patrícia Messias, depois do processo licitatório e com a
oficialização da empresa vencedora do certame, as obras do projeto devem
começar.