MPF
ajuíza ação contra Curió por sequestros na guerrilha do Araguaia
O coronel
Curió (Foto:ilustração) Amazonas - O Ministério Público Federal (MPF)
anunciou nesta terça-feira (13) que vai entrar com uma denúncia contra o
coronel da reserva do Exército do Brasil, Sebastião Curió Rodrigues de Moura,
pelo crime de sequestro contra militantes capturados durante a repressão à
guerrilha do Araguaia na década de 1970.
Os procuradores acusam Curió de ser responsável pelo sequestro de cinco
pessoas, possivelmente militantes comunistas ou guerrilheiros. Maria Célia
Corrêa (Rosinha), Hélio Luiz Navarro Magalhães (Edinho), Daniel Ribeiro Callado
(Doca), Antônio de Pádua Costa (Piauí) e Telma Regina Cordeira Corrêa (Lia)
teriam sido capturados e levados às bases militares em setembro de 1974, e
nunca mais foram vistos. A denúncia é
resultado da abertura de um processo de investigação, em 2009, sobre os
sequestros no período da ditadura. O MPF diz que Curió é um dos poucos
envolvidos na operação contra a guerrilha do Araguaia que tem conhecimento da
atual localização das vítimas sequestradas.
A denúncia relata documentos e depoimentos que comprovariam que a última
operação contra a guerrilha do Araguaia, chamada de Operação Marajoara e
comandada por Sebastião Curió, na época major, sequestrou militantes e
guerrilheiros que estavam fora de combate e não ofereciam ameaça ou risco. “As
violentas condutas de sequestrar, agredir e executar opositores do regime
governamental militar, apesar de praticadas sob o pretexto de consubstanciarem
medidas para restabelecer a paz nacional, consistiram em atos nitidamente
criminosos, atentatórios aos direitos humanos e à ordem jurídica", diz a
denúncia. O processo tramitará na
Justiça Federal de Marabá (PA) e, segundo os procuradores, não pode prescrever,
porque a Justiça não conhece o paradeiro dos desaparecidos Se condenado, Curió
pode pegar de 2 a 40 anos de prisão. A
guerrilha do Araguaia foi um movimento armado, organizado por militantes do
PCdoB na Amazônia, ao longo do rio Araguaia, no final da década de 1960. A
guerrilha era inspirada nas revoluções socialistas em Cuba e China, e tinha o
objetivo de derrubar o governo militar. Ela foi combatida pelo Exército a
partir de 1972. Estima-se que cerca de 80 pessoas fizeram parte da guerrilha -
a maioria morreu em combate ou está desaparecida. No últimos anos, a Secretaria
de Direitos Humanos do governo federal organizou grupos de trabalhos no
Araguaia para tentar encontrar os corpos dos guerrilheiros, até o momento sem
sucesso.
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