Para a presidente da República, documento estimula
‘reconciliação do país’.
Relatório foi entregue nesta quarta em cerimônia no Palácio do Planalto.
Relatório foi entregue nesta quarta em cerimônia no Palácio do Planalto.
Emocionada,
Dilma interrompeu por cerca de um minuto seu discurso na cerimônia de entrega
do relatório final da Comissão Nacional da Verdade, no Palácio do Planalto
(Foto: Dida Sampaio/Estadão Conteúdo)
A
presidente Dilma Rousseff se emocionou e chorou nesta
quarta-feira (10), durante a cerimônia de entrega do relatório final da
Comissão Nacional da Verdade, ao fazer referência aos que perderam parentes e
amigos no combate à ditadura.
Ex-presa
política, a chefe do Executivo afirmou em seu discurso que o documento
elaborado ao longo de dois anos e sete meses ajuda o Brasil a “se reconciliar
consigo mesmo” após os anos de ditadura militar.
“Estou
certa de que os trabalhos produzidos pela comissão resultam do esforço pela
procura da verdade, respeito da verdade histórica e estímulo da reconciliação
do país consigo mesmo, por meio da verdade e do conhecimento”, afirmou.
A Comissão da Verdade entregou a Dilma, na manhã desta quarta, o relatório final sobre as violações aos direitos humanos cometidos entre 1946 e 1988, especialmente na ditadura militar, de 1964 a 1985. A divulgação ocorre na data em que se celebra o Dia Internacional dos Direitos Humanos.
A Comissão da Verdade entregou a Dilma, na manhã desta quarta, o relatório final sobre as violações aos direitos humanos cometidos entre 1946 e 1988, especialmente na ditadura militar, de 1964 a 1985. A divulgação ocorre na data em que se celebra o Dia Internacional dos Direitos Humanos.
Um grupo
de militares recorreu à Justiça para tentar barrar a divulgação
do documento, no entanto, o Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1)
negou a socilitação.
O
documento lista os responsáveis pela repressão política, além de 434 vítimas
dos crimes cometidos. Há ainda a relação dos locais onde ocorriam as sessões de
interrogatórios forçados, prisões ilegais e desaparecimentos forçados. A
íntegra dos três volumes, com mais de 2 mil páginas, será disponibilizada às
11h no site oficial da comissão.
Para
Dilma, as novas gerações e aqueles que perderam familiares e amigos mereciam
saber a verdade sobre os acontecimentos que marcaram o período da ditadura
militar. A presidente destacou ainda que o acesso à informação é necessária
para pacificar o país e evitar mágoas.
“Esperamos
que esse relatório contribua para que fantasmas do passado doloroso e triste
não possam mais se proteger das sombras do silêncio e da omissão. A ignorância
do passado não pacifica.”
saiba
mais
Recomendações
da comissão
Em discurso, o coordenador da Comissão Nacional da Verdade, Pedro Dallari, disse que o relatório recomenda a criação de um órgão público para dar seguimento aos trabalhos iniciados pelo colegiado, inclusive com investigações que possam identificar mais vítimas da ditadura militar. “Certo que o rol de vítimas do relatório não é definitivo”, disse.
Em discurso, o coordenador da Comissão Nacional da Verdade, Pedro Dallari, disse que o relatório recomenda a criação de um órgão público para dar seguimento aos trabalhos iniciados pelo colegiado, inclusive com investigações que possam identificar mais vítimas da ditadura militar. “Certo que o rol de vítimas do relatório não é definitivo”, disse.
Dallari
afirmou ainda ter a convicção de que as violências cometidas no período da
ditadura militar não voltarão a ocorrer. “Cumprimos o que a lei determinou. Em
meu nome pessoal [e dos demais integrantes da comissão] oferecemos a vossa
excelência e ao país este relatório, com a firme convicção de que os fatos nele
descritos não se repetirão nunca mais”, afirmou.
Ao fazer
agradecimentos, Dallari afirmou que o ministro da Defesa, Celso Amorim, soube
dialogar, apesar das resistências entre militares aos trabalhos da comissão.
“Aqui quero fazer um registro especial ao relacionamento que houve com o
Ministério da Defesa, em que pese as circunstâncias difíceis, em nenhum momento
deixou de haver um diálogo respeitoso e relacionamento institucional entre
entes do estado brasileiro.”
Relatório
O relatório é composto de três volumes e dividido em 18 capítulos. O primeiro descreve os fatos principais da ditadura, desde o contexto histórico que antecedeu o golpe militar de 1964, passa pela criação dos órgãos de repressão, as ações de repressão no exterior (como a Operação Condor, de colaboração com ditaduras latino-americanas), além dos métodos usados na repressão aos opositores do regime.
O relatório é composto de três volumes e dividido em 18 capítulos. O primeiro descreve os fatos principais da ditadura, desde o contexto histórico que antecedeu o golpe militar de 1964, passa pela criação dos órgãos de repressão, as ações de repressão no exterior (como a Operação Condor, de colaboração com ditaduras latino-americanas), além dos métodos usados na repressão aos opositores do regime.
Há ainda
um capítulo sobre a atuação do Judiciário, outro sobre a guerrilha do Araguaia
(iniciativa de luta armada a partir do campo no Norte do país), além da relação
de locais onde ocorreram as violações e a lista de responsáveis indiretos e
diretos pela implantação, manutenção e prática sistemática de torturas,
homicídios e prisões ilegais. Uma última parte contém as conclusões e
recomendações.
O segundo
volume traz estudos elaborados por equipes coordenadas pelos membros da
comissão sobre diversos grupos que sofreram ou colaboraram com a repressão. Há,
por exemplo, capítulo dedicados aos militares perseguidos ou a empresários que
ajudaram na perseguição. Há também textos referentes à perseguição contra
operários, camponeses, universitários, religiosos, homossexuais, além de um
sobre os grupos armados de oposição.
O
terceiro e último volume conta a história de cada um dos 434 mortos e
desaparecidos identificados pelo grupo, bem como as circunstâncias que os
levaram à morte. Os relatos mostram o sofrimento por que passaram e fazem
reverência à oposição que fizeram ao regime de exceção.
Presidenta
Dilma Rousseff durante entrega do Relatório Final da Comissão Nacional da
Verdade. (Foto: Roberto Stuckert Filho/PR)
Fonte; Nathalia
Passarinho Do G1,
em Brasília
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