Arábia Saudita
lidera ataques contra forças houthis em Sana.
Ação representa uma abrupta intensificação da crise no Iêmen.
Tanque
com bandeira separatista confiscado de depósito é visto em rua da cidade de
Aden, no Iêmen, nesta sexta-feira (27) (Foto: Saleh Al-Obeidi/AFP)
Aviões
de guerra atacaram forças houthis que controlam a capital iemenita, Sana, e a
região de maior predominância dessa comunidade, no norte do país, no segundo
dia de uma campanha da Arábia Saudita para impedir que a milícia aliada do Irã amplie
seu domínio por todo o Iêmen.
Em
um reforço para a Arábia Saudita, a monarquia aliada que
governa o Marrocos anunciou que irá unir-se à coalizão sunita rapidamente
montada contra o grupo xiita, fornecendo apoio político, de inteligência, de
logística e militar.
Rebeldes
protestam em Sanaa contra ataques aéreos (Foto: REUTERS/Khaled Abdullah)
Mas
o Paquistão, apontado pela Arábia Saudita na quinta-feira como um parceiro na
campanha integrada na maioria por países árabes do Golfo Pérsico, disse que não
tomou nenhuma decisão sobre a possibilidade de contribuir, embora se comprometa
a defender o reino contra qualquer ameaça à sua estabilidade.
Os
ataques aéreos, iniciados na quinta-feira, representam uma abrupta
intensificação da crise noIêmen, na
qual as monarquias sunitas do Golfo apoiam o sitiado presidente Abd-Rabbu
Mansour Hadi e seus aliados sunitas no sul do Iêmen contra o avanço xiita.
saiba
mais
Nesta
sexta-feira, os clérigos nas mesquitas em Riad fizeram sermões inflamados
contra os houthis e seus aliados iranianos, descrevendo a luta como um dever
religioso. O principal conselho clerical da Arábia Saudita emitiu uma fatwa
(édito religioso) na quinta-feira, dando sua bênção para a campanha militar.
Na
capital iraniana, Teerã, o aiatolá Kazem Sadeghi, que comanda orações na
sexta-feira, descreveu os ataques como "uma agressão e ingerência nos
assuntos internos do Iêmen".
Moradores
de Sanaa disseram que aviões atacaram bases da Guarda Republicana, aliada aos
houthis, incluindo uma localizada perto do complexo presidencial, em um
distrito do sul, por volta do amanhecer, e também atingiram as imediações de
uma instalação militar que abriga mísseis.
A
iniciativa saudita é a mais recente investida de uma crescente ação regional
para fazer frente ao Irã, em um confronto que também se desenrola na Síria,
onde o governo iraniano apoia o presidente Bashar al Assad, e no Iraque, país
em que milícias xiitas apoiadas pelo Irã estão desempenhando um papel
importante na luta contra o Estado Islâmico.
Os
Guardas Republicanos são leais ao ex-presidente Ali Abdullah Saleh, principal
aliado dos houthis, que ainda mantém ampla influência no país, apesar de ter
sido forçado a deixar o cargo em 2011, depois de protestos da Primavera Árabe.
Ataques
aéreos anteriores ao sul da cidade e da região de Marib, produtora de petróleo,
parecem visar instalações militares aliadas a Saleh.
Aviões
de guerra atacaram também dois distritos na província setentrional de Saada, da
comunidade houthi, informaram fontes tribais. Os bombardeios atingiram um
mercado em Kataf al-Bokaa, no norte de Saada, matando ou ferindo 15 pessoas,
disseram. O distrito de Shada também foi bombardeado.
A
coalizão iniciou ataques aéreos na quinta-feira para tentar reverter os avanços
dos houthis no país, situado na Península Arábica, e para reforçar a autoridade
do presidente Hadi, que ficara escondido em Áden depois de fugir de Sanaa, em
fevereiro.
Hadi
deixou Áden na quinta-feira e iria comparecer a uma reunião de cúpula árabe no
Egito, no sábado, onde pretende buscar reforço no apoio árabe para os ataques
aéreos.
Ele
chegou à Arábia Saudita na quinta-feira através de Omã, onde um funcionário do
Ministério das Relações Exteriores disse que Hadi inha tido um check-up médico
antes de se dirigir para o reino saudita.
A
campanha da Arábia Saudita levantou o moral de parte dos árabes do Golfo
Pérsico que vê com inquietação a crescente influência do Irã na região.
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