A área de
transmissão da dengue no Brasil
mais que quadruplicou, em uma década, saltando de 1,5 milhão de km² para 6,9
milhões de km². Isso significa que há mosquitos espalhando dengue em todos
esses lugares, o que aumenta o alerta sobre como pode se disseminar o zika nos
próximos anos, vírus que usa o mesmo vetor da dengue. Do Brasil, a nova doença
tem potencial para se espalhar para o mundo.
Pesquisa
publicada há uma semana no periódico de saúde The Lancet estimou o potencial de
exportação da epidemia a partir do Brasil. Os pesquisadores, liderados por
Oliver Brady, da Universidade de Oxford, mapearam os destinos finais de quase
10 milhões de pessoas que saíram do País para o exterior de aeroportos próximos
de locais onde o zika foi transmitido: 65% tinham como destino as Américas,
27%, a Europa, e 5%, a Ásia.
Eles
avaliaram, então, nesses destinos onde há áreas propícias à transmissão do
zika, considerando a presença de mosquitos do gênero Aedes. Concluíram que
cerca de 60% da população de EUA, Itália e Argentina - alguns dos países com
maior fluxo de turistas para o Brasil - vivem em áreas onde pode ocorrer transmissão
sazonal da doença. E só nos Estados Unidos 22,7 milhões de pessoas residem em
áreas passíveis de transmissão de zika o ano inteiro.
Clima
O ano de
2015 foi o mais quente já registrado na história, de acordo com análise das
agências americanas espacial (Nasa) e de oceanos e atmosfera (Noaa). Em média,
para o mundo inteiro, a temperatura foi 0,9°C mais alta que a média registrada
no século 20. O Brasil, somente em dezembro, chegou a ter em algumas regiões
temperaturas máximas de 3°C a 5°C mais altas que a média para o mês, segundo o
Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC).
O clima
mais quente segue tendência observada nos últimos anos e causada pelas mudanças
climáticas, mas em 2015 foi particularmente intensificado pela presença de forte
El Niño. Estudos que relacionem o aquecimento global a uma maior dispersão de
doenças transmitidas por vetores ainda são pouco conclusivos, mas a teoria é
defendida por vários estudiosos do assunto.
Na
quinta-feira, a própria Organização Mundial da Saúde (OMS), por meio de sua
diretora-geral, Margaret Chan, disse esperar que o El Niño "incremente a
população de mosquitos em muitas áreas (do mundo)."
"O
que temos notado é que a dengue tem ido para áreas que eram mais frias, como o
Sul do País, onde as temperaturas têm subido. Lá o mosquito tem vida mais
curta, mas já temos visto surtos", diz Christovam Barcellos, da Fiocruz,
que fez o mapeamento da expansão da dengue entre 2001 a 2013 (último ano em que
estão disponíveis todos os dados por cidades).
(DOL com
informações do portal UOL)
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