Numa das
primeiras reações públicas do governo após a Câmara autorizar a abertura do
processo de impeachment, o advogado-geral da União José Eduardo Cardozo afirmou
que a presidente Dilma Rousseff "não se curvará" e vai lutar até o
fim por seu mandato.
Segundo Cardozo,
a decisão dos deputados foi puramente política e não tem embasamento jurídico
para caracterizar um crime de responsabilidade que justifique seu impedimento.
O Planalto avalia
recorrer ao STF (Supremo Tribunal Federal) para questionar se há justa causa,
ou seja, se as questões orçamentárias tratadas na denúncia podem configurar o
crime. A acusação contra Dilma leva em conta as chamadas pedaladas fiscais e
decretos que ampliaram os gastos federais em R$ 3 bilhões.
Cardozo disse que
Dilma fará um pronunciamento nesta segunda (18) para se manifestar sobre o
avanço do processo e sustentou que a presidente não tem apego ao cargo.
Ele afirmou que o desfecho do impeachment na Câmara foi recebido com "indignação e tristeza".
Ele afirmou que o desfecho do impeachment na Câmara foi recebido com "indignação e tristeza".
"A
presidente não se abaterá e nem deixará de lutar. Ela não tem apego a cargos,
mas apego a princípios. Ela dedicou sua vida à luta por certos princípios,
esteve presa na ditadura e não se acovardou, não fugiu da luta e luta pela
democracia. Se alguém imagina que ela vá se curvará, se engana", disse.
"Uma pessoa
que luta por causas vai até o fim nessa luta para escrever na história que ela
não se acovardou", completou o ministro, destacando que Dilma é uma mulher
forte e que não está envolvida em corrupção.
Cardozo reforçou
que, para o governo, há um golpe em andamento no país e chegou a comparar a
decisão da Câmara neste domingo ao golpe militar de 1964.
O ministro criticou os debates feitos pelos deputados sobre o processo de impeachment argumentando que não foi dada a devida atenção a parte técnica do processo e atacou o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
O ministro criticou os debates feitos pelos deputados sobre o processo de impeachment argumentando que não foi dada a devida atenção a parte técnica do processo e atacou o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
Cardozo disse que
a mão de Cunha esteve em todas as etapas do processo, mesmo sendo réu na Lava
Jato, e agiu para acelerar a tramitação. "A presença de Eduardo Cunha nos
traz a indignação, principalmente, porque ele ser juiz maior de um processo
contra uma mulher honrada".
O chefe da AGU
disse acreditar que o processo poderá ser revertido no Senado - mesmo a maioria
dos senadores indicando que podem aprovar o afastamento. Para Cardozo, o
presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), conduzirá a questão de forma
ponderada.
"Não tenho a
menor dúvida [de uma virada] porque a razão está do nosso lado", afirmou.
(Folhapress)
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