Número de palestinos mortos passa de 1.100.
Israel alertou a população civil a abandonar a periferia da cidade de Gaza.
Equipes
de resgate palestinas procuram vítimas em um prédio destruído por um ataque aéreo
israelense em Rafah. (Foto: Said Khatib / AFP Photo)
Os
ataques de Israel contra a Faixa de Gaza mataram 26 palestinos nas primeiras
horas desta terça-feira (29), incluindo nove mulheres e quatro crianças, após
uma segunda-feira (28) particularmente sangrenta no conflito com o movimento
islâmico Hamas.
Em
21 dias, a ofensiva de Israel matou 1.113 palestinos - 70% civis - e deixou
cerca de 6.200 feridos.
A
aviação israelense também bombardeou na manhã desta terça a casa de Ismail
Haniyeh, líder do Hamas na Faixa de Gaza, situada no campo de refugiados de
Shatti, no noroeste do território palestino, informou a família do dirigente.
Entre
os mortos nesta madrugada, estão "sete pessoas, sendo cinco mulheres e uma
criança, foram mortas em um bombardeio que destruiu um prédio de três andares
em Rafah", no sul da Faixa de Gaza, informou nesta terça Ashraf al-Qudra,
porta-voz dos serviços de emergência.
No
campo de refugiados de Bureij, no centro da Faixa de Gaza, disparos da
artilharia de Israel mataram mais 11 palestinos, "incluindo três crianças
e duas mulheres, e outras 15 pessoas ficaram feridas" na manhã desta
terça.
Segundo
al-Qudra, que não precisou onde ocorreram as mortes, 26 palestinos, incluindo
nove mulheres e quatro crianças, morreram vítimas dos disparos de artilharia
contra Rafah e dos ataques aéreos contra Bureij.
"O
inimigo israelense bombardeou nossa casa em dois ataques", disse Abed
Salam Haniyeh, filho do dirigente do Hamas.
Israel e o Hamas retomaram os combates na segunda-feira, quando 47 corpos deram
entrada nos necrotérios da Faixa de Gaza: 31 palestinos mortos nos bombardeios
e 12 retirados de escombros. Outros quatro palestinos morreram no hospital após
seu resgate de escombros.
No
início da noite de segunda, cinco combatentes palestinos, que tinham se
infiltrado no sul de Israel, foram mortos nas imediações do kibutz de Nahal Oz,
perto da fronteira. O Hamas reivindicou a autoria de uma operação na área afirmando
ter matado "mais de dez soldados".
Nesta
terça, o Exército hebreu admitiu a morte de cinco soldados em combates com um
comando palestino que tentava se infiltrar em Israel por um túnel, na zona de
fronteira com a Faixa de Gaza.
"Os
soldados de infantaria Daniel Kedmi, 18 anos, Barkey Ishai Shor, 21, Sagi Erez,
19, e Dor Dery, 18, foram mortos nesta tentativa de ataque", informou o
Exército, acrescentando que um quinto militar também morreu na ação.
Na
noite de segunda, um oficial hebreu informou a morte de quatro militares
tripulantes de tanque, atingidos por um tiro de morteiro ao longo da fronteira
com o enclave palestino, e de um quinto soldado, que caiu nos combates em Gaza.
No
total, o Exército hebreu já perdeu 53 soldados, o maior número de baixas desde
a guerra contra o Hezbollah libanês, em 2006.
Três
civis israelenses foram mortos por disparos de foguetes da Faixa de Gaza.
Ainda
na segunda, oito crianças e dois adultos morreram no campo de refugiados de
Shatti. Ambos os lados do conflito trocam acusações, mais uma vez, sobre a
responsabilidade no episódio.
Segundo
testemunhas, caças israelenses F-16 lançaram cinco mísseis sobre um grupo de
crianças. Já o Exército de Israel garante que se trata de disparos de foguetes
lançados pelo Hamas.
Israel
também intensificou seus ataques contra a cidade de Gaza, especialmente sobre o
bairro da Universidade Islâmica, constatou a AFP.
Por
volta das 19H15 (13H15 Brasília), Israel conclamou a população civil a
abandonar a periferia da cidade de Gaza "imediatamente", antecipando
os bombardeios. O hospital Shifa - o maior do enclave palestino e que vinha
sendo poupado da violência - foi sacudido por uma explosão, mas ninguém ficou
ferido.
Cinco
pessoas, entre elas três crianças, morreram atingidas por disparos de
artilharia que destruíram uma casa em Jabaliya (norte); e outra criança, de 4
anos, morreu ao ser atingida por um disparo de tanque na mesma cidade. Além
disso, outro palestino perdeu a vida no centro do enclave e outros quatro, em
Khan Yunis (sul).
Longa campanha'
Em
um discurso transmitido pela televisão nesta segunda, o premier-israelense,
Benjamin Netanyahu, advertiu compatriotas que se preparem para "uma longa
campanha".
A
calmaria de domingo não durou muito. Com a retomada das hostilidades a celebração
do Fitr, que marca o fim do Ramadã, foi trágica para os 1,8 milhão de
habitantes da Faixa de Gaza.
"É
o Eid de sangue", resumiu Abir Chamali, passando a mão sobre a terra que
acabava de ser depositada sobre o corpo de seu filho de 16 anos, morto na
quinta-feira (24) perto da Cidade de Gaza.
Em
três semanas, de acordo com os serviços de emergência locais, a ofensiva
israelense deixou 1.104 mortos palestinos -- mais de 70% civis, segundo a ONU
-- e por volta de 6.200 feridos na Faixa de Gaza.
Em
Nova York, os 15 países-membros do Conselho de Segurança da ONU, reunidos com
urgência, manifestaram em uma declaração unânime seu "forte apoio a um
cessar-fogo humanitário imediato e incondicional" exigido por Barack
Obama.
O
representante palestino na ONU, Ryad Mansur, lamentou que o Conselho não tenha
exigido a retirada do bloqueio imposto desde 2006 a Gaza, enquanto Israel
considerou que a decisão não havia levado em consideração as necessidades de
segurança de Israel.
Com
base no forte apoio de sua opinião pública, Israel alega querer concluir seu
plano de neutralizar os túneis em Gaza usados para a passagem de armas e
combatentes, antes de qualquer trégua.
O
Hamas exige uma retirada israelense de Gaza e o fim do bloqueio no território
controlado pelo movimento desde 2007 para discutir um cessar-fogo.
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