SENADOR JOSÉ SARNEY
(PMDB-AP) DURANTE SESSÃO ESPECIAL EM COMEMORAÇÃO AOS 70 ANOS DE CRIAÇÃO DO
TERRITÓRIO FEDERAL DO AMAPÁ - (21/05/2014)
Em
conversas gravadas pelo ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado, o
ex-presidente José Sarney (PMDB) disse que a delação premiada que a Odebrecht e
seus executivos estão prestes a fechar no âmbito da Operação Lava Jato
"vem com uma metralhadora de ponto 100". O conteúdo dos áudios foi
divulgado nesta quarta-feira pelo site do jornal Folha de S. Paulo.
Assim como Renan Calheiros (PMDB-AL) e Romero Jucá (PMDB-RR), Sarney foi um dos três
caciques peemedebistas gravados em diálogos com Machado, que entregou os áudios
à Procuradoria-Geral da República em seu acordo de delação premiada,homologado hoje pelo relator da Operação Lava
Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Teori Zavascki.
Relacionando as possíveis revelações da
empreiteira à presidente afastada Dilma Rousseff, Sarney afirmou que
"nesse caso, ao que eu sei, o único em que ela (Dilma) está envolvida
diretamente é que ela falou com o pessoal da Odebrecht para dar para campanha
do... E responsabilizar aquele [inaudível]". Ele não mencionou em qual
campanha teriam ocorrido as irregularidades envolvendo a petista.
Além de Sarney, Renan Calheiros também
falou sobre o potencial de destruição das possíveis revelações da empreiteira.
Ao comentar a situação de Dilma, Machado disse a ele que a Odebrecht "vai
tacar tiro no peito dela, não tem mais jeito". E Renan responde: "Tem
não, porque vai mostrar as contas", em uma possível referência às contas
de campanha da petista.
A respeito da Lava Jato, Sarney afirmou
que governos petistas são os responsáveis pelo esquema de corrupção na
Petrobras. "Esse negócio da Petrobras, só os empresários que vão pagar, os
políticos? E o governo que fez isso tudo, hein?", questionou o
ex-presidente.
Após Machado citar que "não houve
nenhuma solidariedade" de Dilma a Lula, provavelmente em referência às
investigações da Lava Jato que avançam sobre o petista, José Sarney concordou,
e aproveitou para criticar o juiz federal Sergio Moro, que conduz os processos
da operação em Curitiba: "Nenhuma, nenhuma. E com esse Moro perseguindo
por besteira".
Em outro trecho da conversa gravada,
Sarney diz a Machado que poderia ajudá-lo a evitar que as investigações contra
ele no petrolão fossem remetidas à 13ª Vara Federal de Curitiba, onde despacha
Moro. "O tempo é a seu favor. Aquele negócio que você disse ontem é muito
procedente. Não deixar você voltar para lá [Curitiba]", prometeu o
ex-presidente.
Diante de relatos de Machado de que
havia "insinuações", provavelmente do Ministério Público Federal, por
uma delação premiada, José Sarney se mostrou preocupado com a possibilidade e
disse a ele que "nós temos é que conseguir isso [o pleito de Machado]. Sem
meter advogado no meio".
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Confira
abaixo os principais trechos da conversa entre Renan e Machado:
Michel
Temer - Ao
ouvir de Sérgio Machado que os partidos de oposição ao governo petista
"achavam que iam botar tudo mundo de bandeja..." José Sarney disse
que os opositores resistiam a apoiar o governo de Michel Temer. Segundo o
ex-presidente, "nem Michel eles queriam, eles querem, a oposição. Aceitam
o parlamentarismo. Nem Michel eles queriam. Depois de uma conversa do Renan
muito longa com eles, eles admitiram, diante de certas condições".
Lula
- Após
Machado dizer "acabou o Lula, presidente", José Sarney concordou e afirmou
que "o Lula acabou, o Lula, coitado, deve estar numa depressão". Em
outro trecho do diálogo gravado pelo ex-presidente da Transpetro, o
peemedebista relata que "soube que o Lula disse, outro dia, ele tem
chorado muito. [...] Ele está com os olhos inchados".
PSDB
- Assim
como nos diálogos gravados com Renan Calheiros e Romero Jucá, Sérgio Machado
mencionou o PSDB. Ele disse que os tucanos "sabem que são a próxima bola
da vez" ao que Sarney acrescentou: "Eles sabem que eles não vão se
safar". O partido informou nesta quarta-feira que irá processar Machado
por menções ao presidente nacional do partido, senador Aécio Neves (MG).
Delcídio
- Depois
de Sérgio Machado dizer que o Supremo Tribunal Federal "rasgou a
Constituição", José Sarney lembrou o caso do ex-senador Delcídio do
Amaral, preso em novembro de 2015 e cuja prisão foi ratificada pelo plenário do
Senado. "Foi. [O STF] fez aquele negócio com o Delcídio. E pior foi o
Senado se acovardar de uma maneira...", criticou o ex-presidente. "Aquilo
é uma página negra do Senado", concluiu o ex-presidente
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