Doença silenciosa, o
câncer de próstata é a prova de que o preconceito pode matar. E durante todo o
mês de novembro, o objetivo do Instituto Lado a Lado pela Vida, Organização Não
Governamental que idealiza e apoia ações de humanização na Saúde é disseminar
pelo Brasil a campanha Novembro Azul, que busca a conscientização do homem em
relação à necessidade da inclusão do exame de próstata em sua rotina de exames
preventivos. Por aqui, o Hospital Ophir Loyola, referência em tratamento
oncológico no Pará, está à frente dessa campanha, e bate na tecla de que o tabu
ou a falsa ideia de constrangimento provocado pelo famigerado exame, não podem
vir na frente da saúde do indivíduo.
“Já foi pior. Oito anos
atrás, a chance de chegar um paciente com câncer de próstata em estágio
avançado e com poucas chances de tratamento era de 90%, hoje é de 60%, e embora
ainda represente a maioria dos casos, e vejo que essa diminuição acontece
graças às campanhas de conscientização, que surtem efeito não só nos homens. O
hospital recebe hoje pacientes levados pelas esposas, filhos e familiares em
busca do exame. E há também aqueles que buscam espontaneamente, preocupados com
a questão mais importante de todas, que é a saúde”, avalia o chefe do serviço
de Urologia e de transplante renal do HOL e também professor titular de
Urologia da Universidade do Estado do Pará, Ricardo Tuma.
“Esse é o mês de
intensificar a difusão de informações sobre o câncer de próstata, que assim
como o de mama, que afeta as mulheres, chega a ter chance de 95% de cura se
diagnosticado e tratado no início”, estimula o profissional. “Um homem que tem
antecedentes, ou seja, que teve pai ou avô com a doença, deve começar o exame
com 35, 40 anos. Se não tiver, deve incluir na rotina a partir dos 40, 45. Ao
ser examinado, ele passa por uma ultrassom da próstata, faz um exame de sangue
chamado PSA (Prova do Antígeno Prostático) e o toque retal. É importante dizer
que uma etapa não anula a outra. Por vezes há a dispensa do toque, mas na
maioria das vezes, se faz necessário”, detalha Tuma.
No caso de um
diagnóstico de câncer em estágio inicial, ou faz-se o tratamento radioterápico
ou cirúrgico, que retira a próstata, e que tem eficácia de até 95%. “A margem
de cura pela radioterapia é menor, de 90%, mas é considerado como um dos
principais tratamentos quando o homem, ou não tem condições clínicas de
suportar a intervenção cirúrgica , ou não quer. Quando o estágio da doença é
avançado, a cirurgia deixa de ser uma opção e aí o tratamento é definido de
acordo com a situação - o tumor pode estar isolado mas localmente avançado, ou
pode ter afetado órgãos próximos, como a bexiga, o reto, ou pode estar em
metástase”, explica.
“Essa campanha quer
virar o jogo. A mulher sempre vive mais que homem, oito, nove anos mais, porque
ela tem uma preocupação maior com a saúde, ela vai ao médico pela prevenção,
diferente do homem, que só procura quando está doente”, insiste o médico.
O aposentado Ângelo
Pinho, de 67 anos, está na lista dos que há muito tempo deixaram para trás
qualquer tipo de constrangimento e vai ao médico uma vez por ano para o exame. “Gente,
não tem constrangimento, faço há mais dez anos, não entendo essa ideia de que
homem não tem que passar por isso, que é vergonhoso ou qualquer coisa do tipo.
Fico muito satisfeito em saber que existe uma campanha de conscientização
porque não pode haver nada no caminho de se evitar um câncer e todos os males
que ele traz”, apela.
Quando chega perto do
final do ano, o produtor de rádio, Luiz Guilherme Costa, liga para o médico que
lhe atende já há um bom tempo e marca para o início do ano seguinte a consulta.
“Faço isso há 20 anos, desde os meus 40 anos e não tenho, nunca tive
preconceito. Perdi amigos por causa desse câncer e botei na minha cabeça que
precisava ficar de olho nisso. Sinceramente, hoje em dia acho até imbecilidade
alguém alegar medo ou preconceito como justificativa de não fazer, de nunca ter
feito o exame. É jogo rápido, natural, e é uma questão de saúde! Não tem nada
mais importante que isso”, garante.
“Acho muito legal essa
campanha, penso inclusive que o Ministério da Saúde deveria intensificar essa
conscientização, oferecer exames de graça para todos, afinal, a prevenção
também é uma forma de economizar, de evitar que aquele cara acabe doente e
onerando o INSS porque não conseguiu, não quis fazer um exame tão simples”,
expõe.
(Diário do Pará)
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