Picciani diz que razão é
crítica de Lula à Câmara em programa do PT na TV.
Para ele, governo e PT não assumem o ônus do ajuste fiscal.
O líder do PMDB, Leonardo Picciani, no plenário da
Câmara, após a votação da PEC da Bengala (Foto:
Nathalia Passarinho / G1)
Câmara, após a votação da PEC da Bengala (Foto:
Nathalia Passarinho / G1)
O líder do PMDB, Leonardo Picciani (RJ), anunciou
nesta terça-feira (5) no plenário daCâmara dos Deputados que o partido
não mais apoiará as duas medidas provisórias que restringem acesso a direitos
previdenciários, as chamadas MPs do ajuste fiscal.
Segundo Picciani, a decisão é motivada pelo
pronunciamento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em cadeia nacional de
rádio e TV, em que o petista criticou a aprovação pelos deputados do projeto de
lei que regulamenta contratos de terceirização.
De acordo com o líder do PMDB,
governo e PT “posam” de defensores do trabalhador, enquanto pedem que a base
aliada aprovem propostas que restringem direitos previdenciários.
O projeto da terceirização foi apoiado pelo PMDB e
enfrentou resistência do PT. A avaliação dos parlamentares peemedebistas é de
que o partido da presidente Dilma Rousseff precisa assumir uma posição mais
enfática de apoio ao ajuste fiscal, para que o ônus da aprovação de uma medida
que seria impopular não fique inteiramente para as demais legendas da base
aliada.
Nós não votaremos a MP 665 amanhã. Não mais. Até
que o PT nos explique o que quer e, se for o caso, feche questão na votação dos
ajustes fiscais. Se não for assim, se há dúvida de que o país precisa do
remédio amargo, não vamos empurrar essa conta ao trabalhador."
Deputado
Leonardo Picciani, líder do PMDB na Câmara
A votação da MP 664 está marcada para esta quarta
(6) às 12h. A Câmara chegou iniciar discussão sobre a matéria, mas o presidente
da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), decidiu, em uma manobra que surpreendeu o PT,
inverter a pauta para votar antes da PEC da Bengala, proposta que eleva de 70
para 75 anos a idade para aposentadoria de ministros de tribunais superiores.
“Vamos seguir a orientação do ex-presidente Lula:
vamos combater a retirada do direito dos trabalhadores. Diferente do que se
apregoa, o projeto da terceirização assegura o direito dos trabalhadores
terceirizados. Já a medida provisória 665, não vou dizer que acaba o direito
dos trabalhadores, mas flexibiliza o direito dos trabalhadores”, disse
Picciani.
O peemedebista destacou que só voltará atrás na
posição de retirar o apoio às medidas de ajuste fiscal se for “convencido” pelo
governo da necessidade das MPs.
“Nós não votaremos a MP 665 amanhã. Não mais. Até
que o PT nos explique o que quer e, se for o caso, feche questão na votação dos
ajustes fiscais. Se não for assim, se há dúvida de que o país precisa do
remédio amargo, não vamos empurrar essa conta ao trabalhador”, afirmou.
O governo tem convicção, está seguro de que o
ajuste que está sendo votado é necessário e vamos trabalhar para aprová-lo
amanhã [quarta, 6]. Aprendi uma coisa na política: calma e tranquilidade,
diálogo. Não tem problema ter estresse. Vamos conversar muito daqui para
amanhã."
Deputado José
Guimarães (PT-CE), líder do governo na Câmara
Após o pronunciamento, Picciani disse, em
entrevista, que espera um posicionamento enfático de Lula e da presidente Dilma
Rousseff em favor das medidas provisórias. Ele requer ainda que a bancada do PT
“feche questão” em favor das propostas. A bancada decidiu apoiar os textos, mas
não “fechou questão”, o que no regulamento interno do PT permitiria a punição
de deputados que não comprovassem a fidelidade no voto.
“Não seremos nós a fazer esse remédio amargo.
Achamos ruim o ajuste, mas achávamos necessário. Com as colocações feitas por
Lula, não temos mais certeza. Não dá para [o governo] aparecer posando, dizendo
uma coisa, e para nós dizer outra”, criticou o peemedebista.
Líder do governo vai 'dialogar'
Após o anúncio de Picciani, o líder do governo, deputado José Guimarães (PT-CE), defendeu o ajuste fiscal e disse que vai “dialogar” com a base aliada.
Após o anúncio de Picciani, o líder do governo, deputado José Guimarães (PT-CE), defendeu o ajuste fiscal e disse que vai “dialogar” com a base aliada.
“O governo tem convicção, está seguro de que o
ajuste que está sendo votado é necessário e vamos trabalhar para aprová-lo
amanhã [quarta, 6]. Aprendi uma coisa na política: calma e tranquilidade,
diálogo. Não tem problema ter estresse. Vamos conversar muito daqui para
amanhã”, afirmou.
saiba mais
Derrotas do governo
Com o adiamento da votação da medida provisória do ajuste fiscal, a retirada do apoio do PMDB e a aprovação da PEC da Bengala em plenário, o governo sofreu três derrotas consecutivas na Câmara nesta terça.
Com o adiamento da votação da medida provisória do ajuste fiscal, a retirada do apoio do PMDB e a aprovação da PEC da Bengala em plenário, o governo sofreu três derrotas consecutivas na Câmara nesta terça.
Durante todo o dia, o Planalto mobilizou esforços
para convencer a base aliada, sobretudo o próprio PT, a aprovar as MPs que
restringem acesso a direitos previdenciários.
As medidas, conforme cálculo da equipe econômica,
garantirão, se mantidas pelo Congresso, uma economia de R$ 18 bilhões aos
cofres públicos por ano.
Os ministros da Previdência Social, Carlos Eduardo
Gabas, e das Comunicações, Ricardo Berzoini, se reuniram com a bancada do PT
para pedir apoio.
Após mais de quatro horas de reunião, o partido,
que estava muito dividido, decidiu apoiar a proposta, mas não "fechou
questão".
O apoio foi considerado "fraco" por
peemedebistas ouvidos pelo G1. Segundo Picciani, o entendimento de
que o partido de Dilma não assume a linha de frente do ajuste reforçou a
decisão de inverter a pauta de votações para analisar antes a PEC da Bengala.
O pronunciamento de Lula no programa de TV do PT, à
noite, no qual o ex-presidente atacou o projeto da terceirização, piorou o
clima com o PMDB e motivou Picciani a retirar o apoio da legenda às medidas
provisórias.
Fonte G1 portal de noticias da Globo
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