sábado, 17 de novembro de 2012

Terra da gente


Terra da Gente mostra 'Fé, natureza e carnaval no Pará'
Além da rica floresta amazônica, TG mostra as

O programa foi exibido neste sábado; confira Santarém - A TV Tapajós, afiliada à Rede Globo transmitiu neste sábado (17), uma reportagem especial, exibida no programa Terra da Gente, que contou as peculiaridades do estado do Pará, especificamente dos municípios de Santarém, Belterra e Fordlândia, além de dá destaque para a festa do Sairé em Alter do Chão.
Confira a reportagem
História, natureza, tradição. O Terra da Gente deste sábado (27/10) reúne esses três elementos em uma aventura pelo Pará. Os repórteres desembarcam na cidade de Santarém e registram momentos marcantes da cultura local e do rio mais famoso da região, o Tapajós. No encontro dele com o Amazonas, a impressionante imagem dos dois rios, de cores diferentes, lado a lado, por vários quilômetros. A beleza das praias de água doce que só duram alguns meses no ano e atraem turistas de todo o Brasil. No centro da vila, a festa do Sairé: uma demonstração de fé e folclore que une homens, mulheres, adultos e crianças em torno das homenagens ao Divino Espírito Santo. O programa deste sábado mostra ainda como é a disputa dos botos Tucuxi e Cor-de-Rosa, que transformam Santarém em um grande carnaval amazônico. Os repórteres do Terra da Gente passeiam ainda por uma curiosa cidade paraense: Fordlândia. Um lugar projetado pelo fundador da montadora Ford, Henry Ford. Ele queria transformar essa região da Amazônia na maior produtora de borracha do mundo. O que ele construiu até hoje influencia a vida dos moradores. Pensa que acabou? O repórter André Natale vai ao Rio Azul, um afluente do São Benedito, no Sul do Pará, e mostra a pesca de fly. Tem também a Hora do Rancho. Desta vez o convidado do Jacarejão vai ensinar um bolinho de carne seca, que leva abóbora na massa.
TG 732 - Alter do Chão
Tapajós: um rio de tradição
Qual o significado de encontro, descoberta, união? Quando se trata de dois grandes rios, é beleza, força, grandiosidade. No Oeste do Pará, a confluência dos rios Amazonas e Tapajós proporciona um dos fenômenos mais incríveis da natureza. De um lado, o primeiro, com suas águas barrentas. Do outro, o Tapajós, com cor de esmeralda. Pela diferença de densidade das águas, os dois não se misturam. Pelo contrário, caminham quilômetros lado a lado, até que finalmente o Tapajós desaparece e ambos tornam-se um só Amazonas.
O encontro dos rios é o cartão postal da terceira maior cidade do Pará, Santarém. Para descobrir a origem do nome é preciso navegar pela história. No século XVII, durante uma missão na bacia Amazônica, os jesuítas batizaram as vilas com nomes de cidades ou bairros portugueses: assim surgiram Alenquer, Óbidos, Almeirim, Monte Alegre, Aveiro e Santarém.
Hoje a cidade, com 300 mil habitantes, é referência para quem mora nesta região. Os barcos, lanchas e bajaras (canoas motorizadas) levam e trazem gente de um lado para o outro. Santarém tem mais barcos que carros ou motos, afinal estão nos rios o sustento da maioria da população. O mercado de peixes é exemplo da fartura dessas águas. As cores do Norte se revelam nas bancas de verduras, pimentas e temperos. Lá tem remédio para curar qualquer mal.
Assista os vídeos
Praias de areias brancas e sazonais
A equipe do Terra da Gente explora o Rio Tapajós pela água e pelo ar. Só o município de Santarém tem mais de 200 quilômetros de praias de água doce. Algumas são bem largas. Outras ficam espremidas entre o rio e a vegetação.
Na época da seca elas se unem a bancos de areia que aparecem na superfície. A Ponta de Pedras é um dos lugares mais frequentados pelos turistas. Já na do Cururu só se chega de barco.
A Vila de Alter do Chão, outro nome português dado pelos jesuítas, é outro lugar de natureza deslumbrante. É o principal ponto turístico de Santarém. A vila tem praias de areia branca e fina, que já foram comparadas com as praias do Caribe pelo jornal inglês The Guardian.
Uma das mais bonitas é a Ilha do Amor. É um cenário deslumbrante, que só ocorre durante cinco meses no ano. Durante a cheia do Tapajós, a praia e toda a ilha ficam cobertas de água. Quando o rio baixa, a ilha é o reduto de quem quer relaxar e curtir a natureza. As cabanas tem estrutura própria para ficarem submersas. Canoas a remos fazem a travessia até a margem.
Festa do Sairé
A equipe do TG chega a Alter do Chão em um período festivo. É época do Sairé, a manifestação folclórica mais antiga da Amazônia. Os moradores começam a peregrinação indo até a praia buscar dois troncos de árvores que foram retirados da mata dias antes. Com os troncos nos ombros, eles saem em procissão pela vila. Homens de um lado, mulheres do outro. Um mastro representa José e o outro, Maria. São dois símbolos da influência portuguesa entre os índios que foram evangelizados. Adorar santos e reconhecer a história de Cristo foram condutas trazidas pelos jesuítas. Rituais usando símbolos da natureza é da cultura indígena. E o Sairé é a síntese do sincretismo religioso. Une crença, sacrifício e folclore
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Quem carrega o Sairé é chamada de Saraipora, geralmente uma pessoa de mais idade e muito respeitada na vila. Para dona Maria Justa é também o momento de cumprir uma promessa. Ela estava em um barco que afundou no Rio Amazonas. No momento do naufrágio pediu ajuda aos santos. Trezentas pessoas morreram no acidente. Dona Maria e outros 50 sobreviveram. Desde então prometeu levar o símbolo do Divino na Festa do Sairé.
"Vou fazer isso até Deus me levar", diz. Há 29 anos ela sustenta o Sairé durante toda a procissão, que sempre termina no centro da Vila. Faz parte do ritual enfeitar os mastros com folhas e frutas, representando a fartura da região. Quem enfeitar mais rápido e subir o mastro, ganha. A disputa entre homens e mulheres começa. A competição é muito acirrada, até que os homens usam uma escada para levantar o mastro mais depressa. As mulheres não gostaram nada disso mas, no fim, vale a festa e as homenagens ao Espírito Santo.
O sagrado e o profano
O rito religioso é a parte mais antiga do Sairé. Sobrevive há 300 anos. Mas do outro lado da vila um batalhão de foliões prepara a festa que vai encantar a noite. Desta vez a disputa é entre duas agremiações. O Tucuxi e o Cor-de-Rosa. São duas espécies de boto, símbolos do folclore da região. Pintando, colando, cortando, soldando. Eles juntam as peças para montar um carnaval amazônico. Quem chega nas sedes das agremiações pode achar que está tudo atrasado. "É estratégia, para que o adversário não saiba o que vamos levar para o desfile", explica o diretor de alegorias de um dos grupos, Luiz Carlos da Silva Neto,
Quando chega a noite, o espaço conhecido com Sairódromo fica lotado. Lá embaixo, para quem vai se apresentar, é uma adrenalina só! O boto Tucuxi é o primeiro. O carro alegórico marca a abertura do show. A música é no ritmo do carimbó. Enquanto uma torcida vibra, a outra silencia.
"Em respeito e também por que isso vale ponto", explica a secretária Adriana Nascimento, que assiste ao espetáculo. Entram em cena as rainhas da festa, que homenageiam a história, a cultura e a natureza. O grande momento é quando o boto Tucuxi entra na arena. Diz a lenda amazônica que o boto costuma seduzir as caboclas com seu jeito galanteador. O boto vira homem. E conquista de vez o coração da cabocla.
De repente aranhas invadem o desfile. Uma delas, gigante. E dela surge o pajé. A encenação representa o ritual Urari, em que os índios usavam a toxina das aranhas para envenenar as flechas e se defender dos colonizadores. Depois aprenderam que a mesma substância também servia como anestésico. O espetáculo do Tucuxi dura duas horas.
Chega a vez do boto Cor-de-Rosa colorir o sairódromo. Na arena, a vida e a fé dos borari, raiz do povo paraense. As lendas indígenas em cena: o folclórico guerreiro Juma, que após ver sua tribo derrotada, se refugia com os anciãos para aprender os segredos da cura e se torna o pajé Borari. A rainha do artesanato, beldade enclausurada numa peça de cerâmica tapajó para guardar as cinzas dos guerreiros mortos. A rainha do Sairé. A colonização portuguesa na Amazônia. O boto Cor-de-Rosa e a cabocla. As formas e os ritmos paraenses. Emoção de quem vê e de quem é visto. Dessa vez quem foi premiado foi o boto Cor-de-Rosa, mas essa preferência sempre vai ser muito particular. Basta escolher o seu boto, e se deixar seduzir.
Aventura em Fordlândia
Fonte: Portal Terra da Gente
O porto em Santarém é o ponto de partida para uma aventura pelo Rio Tapajós até um dos lugares mais incríveis dessa região: a vila de Fordlândia. Incrível por sua história, que começou a ser escrita há mais de 80 anos, bem longe da região. Para ser mais preciso, na pequena Detroit, cidade americana onde ficava a sede a companhia Ford automobilística. O fundador, Henry Ford, era obsecado por dominar todas as fases de produção dos carros, do parafuso ao motor, do chassi à carroceria. Mas ainda faltava a matéria-prima dos pneus. Ele decidiu então transformar esse pequeno pedaço da Amazônia no maior produtor de látex do mundo. E surgiu a Fordlândia.
É como se parte do subúrbio americano tivesse sido empacotado e despachado na margem do Rio Tapajós. A imensa caixa d´água e os hidrantes espalhados pelas ruas são contrastes com o cenário natural. A vila foi construída para receber os administradores americanos e cinco mil trabalhadores brasileiros.
Cada funcionário usava um crachá de metal. Em vez do nome, um número. O trabalho era duro e sistemático. A rotina tinha regras que o povo do Pará não estava acostumado a cumprir. Seu Lobato, de 90 anos, é um dos poucos funcionários da companhia em Fordlândia ainda vivos. Ele conta que veio para a vila aos 20 anos, no ano de 1942. "O caboclo queria três coisas: farinha, cachaça e mulher e nada disso podia entrar mais aqui", lembra. "A gente colocava cachaça dentro de melancias para passar pela fiscalização. Até a comida era diferente, eles queriam mais verdura, e a gente queria carne, farinha", completa.
O caboclo amazônico não se adaptou à esse jeito americano de comer. Em 1930 os trabalhadores se rebelaram. Invadiram o refeitório e destruíram tudo. A revolta ficou conhecida como quebra panelas. Os americanos tiveram que se refugiar na mata e só foram resgatados dias depois pelo exército brasileiro. Depois do motim, os funcionários foram liberados para comer em casa. Com direito a peixe e farinha.
Vencido o primeiro obstáculo, a Ford começou extrair e beneficiar o látex. As plantações ficavam numa área de 14.500 m², doada pelo governo paraense. A produção era escoada pelo Rio Tapajós. Mas nenhum dos gerentes da Ford tinha experiência em agricultura equatorial. O modelo de cultivo criado por eles foi um desastre. As seringueiras ficavam todas concentradas, muito próximas umas das outras, o que atraía os fungos. Uma das principais doenças foi o chamado mal da folha, que dizimou a maioria das plantações.
Com pouca matéria-prima, a produção entrou em crise. Foi preciso encontrar outro local para o plantio: um platô logo acima da Praia do Pindobal, na margem direita do Tapajós. Eles acreditavam que ali, por ser mais alto, a contaminação não chegaria. O nome do lugar é Belterra. Assim como em Fordlândia, uma vila americana foi construída, até com uma casa feita especialmente para receber o pai do projeto, Henry Ford. Mas ele nunca veio ao Brasil.
O grande sonho mais uma vez virou pesadelo. A contaminação chegou à nova área. Ao mesmo tempo, novas tecnologias permitiram a fabricação de pneus a partir de derivados de petróleo, o que tornou o empreendimento um desastre total. Com a morte de Henry Ford, a companhia decidiu encerrar de vez o projeto Fordlândia em 1945, amargando um prejuízo de mais de 20 milhões de dólares. Todos os bens foram comprados a preço de banana pelo Ministério da Agricultura, que também assumiu os trabalhadores. Ex-funcionários da companhia recebem até hoje aposentadoria do Governo Federal. O grandioso projeto de Henry Ford na Amazônia terminou em ruínas.
Na imensa oficina restaram máquinas e sucata. A usina termelétrica foi abandonada. O hospital, que chegou a ser um dos melhores do Pará, está desabando. Lembranças da influência americana estão até no caixão, de ferro, abandonado. As casas onde ficavam os diretores americanos foram invadidas. Nelas ainda é possível encontrar móveis e utensílios da época e até livros. Em Belterra restou a sirene no alto da caixa d´água. Ela ainda toca nos mesmos horários em que começavam e terminavam os turnos. Quase 70 anos após o encerramento das atividades da companhia, ela ainda comanda a rotina da pequena cidade.
O novo destino da borracha
O bosque com as seringueiras que restaram é a última lembrança do ciclo da borracha. Mas aos poucos a borracha volta a ser fonte de renda. Na comunidade do Maguari, em Belterra, descendentes dos antigos seringueiros encontram novas possibilidades para o látex.
Arimar Feitosa Rodrigues coordena um projeto que reúne 18 famílias em torno do artesanato. O látex misturado a corantes reveste o tecido. Depois de secar na estufa se transforma no couro ecológico. Matéria prima para a criatividade. São bolsas coloridas, brinquedos, objetos de decoração. Assim, com cuidado e preservação, eles realizam o que nem Henry Ford conseguiu. "Eu consigo manter minha família, sem destruir o Meio Ambiente", afirma o seringueiro.

Agora é a vez dos peixes, no Sul do Estado
Rio azul, afluente do São Benedito, no Sul do Pará. Um gigante cravado no meio da Floresta Amazônica. De cima, parece tranquilo. Mas, de baixo, a força das águas se mostra. É nesse paraíso, intocado, que outra equipe do Terra da Gente vai pescar. Um rio de poços profundos e de corredeiras que convidam à uma aventura.
Como por algumas corredeiras é arriscado passar, a equipe começa a missão seguindo por uma trilha na mata. São apenas 15 minutos de caminhada. Os piloteiros sofrem bem mais para atravessar o barco, é claro. Enfim, todos chegam aos melhores pontos. Quem acompanha o grupo é um convidado, o médico Carlos Andriolli, que pesca desde criança. Há anos se apaixonou pelo fly e não largou mais a paixão pelas moscas.
O repórter André Natale o acompanha com a carretilha e as iscas artificiais. Logo começam as fisgadas, dos dois lados. E com peixes muito esportivos, como a matrinxã, por exemplo. Várias foram fisgadas.
No fly, Carlos Andriolli coloca a isca onde quer. É só avistar um peixe, jogar a isca e aguardar que o sucesso é certo. Até um tucunaré aparece. Nem deu tempo de descansar, de tanto peixe.

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