domingo, 29 de março de 2015

UM PROBLEMA QUE EXIGE NOSSA ATENÇÃO

O que muitos pais que têm filhos pequenos poderiam classificar como uma simples falta de atenção ou excesso de energia, em alguns casos caracterizam os sintomas de um problema bem mais sério que merece uma atenção especial.
Trata-se do Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH), que, de acordo com a Associação Brasileira do Déficit de Atenção, é um transtorno neurobiológico, de causas genéticas, que aparece ainda na infância e frequentemente acompanha o indivíduo por toda a sua vida.
Os principais sintomas apresentados por quem sofre de TDAH são de desatenção, inquietude e impulsividade. O transtorno também é chamado de DDA (Distúrbio do Déficit de Atenção). Na vida adulta, o problema pode acarretar em diversas complicações, especialmente quando o tratamento é iniciado tardiamente.
O TDAH é reconhecido oficialmente por diversos países, assim como pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Em alguns países, como nos Estados Unidos, os portadores de TDAH são protegidos pela lei quanto a receberem tratamento diferenciado durante a vida escolar.
O psiquiatra Wagner Gesser explica quando o transtorno precisa ser tratado. “Basicamente é uma síndrome, ou seja, síndrome é um amontoado de sintomas. Isso quer dizer que pode ser algo muito leve ou muito grave.
Ou seja, pode afetar pouco ou pode afetar muito a pessoa. Para ser considerado um problema que precisa de atenção, tem que estar afetando a vida da pessoa a ponto de estar atrapalhando. Se forem levados em consideração os critérios que fazem o diagnóstico, todo mundo vai se encaixar em uma ou outra coisa.
Só que isso não impede a pessoa de levar a vida normalmente. Como diz o próprio nome, Déficit de Atenção e Hiperatividade, tem duas áreas que são afetadas, como manter-se focado e o excesso de atividade”, explica.
O especialista diz ainda que algumas pessoas apresentam o problema em escala maior em uma das áreas, porém a maioria apresenta a mistura das duas coisas.
“De maneira geral, na estatística se vê que os meninos tendem a ser mais hiperativos e as meninas tendem a ter o problema no componente da atenção, mas isso não quer dizer que tem que ser assim. Por muito tempo se achava que era uma doença de criança e, quando vira adulto, vai embora. O que já se sabe há mais de dez anos é que não é bem assim. Acontece que, quando entra o início da vida adulta, especialmente aquele componente de hiperatividade começa a se transformar em ansiedade. Eu diria que essa é a tendência da maioria das pessoas. Mas há pessoas que são pouco hiperativas e, quando chegam à vida adulta, não têm nada”, garante.
CAUSAS
Segundo o especialista, existem teorias que tratam sobre as causas do surgimento do transtorno, mas que ainda precisam ser comprovadas em sua totalidade. Elas explicam que uma certa região do cérebro, na parte frontal, não desempenha o papel que deveria adequadamente.
Conforme a Associação Brasileira do Déficit de Atenção, estudos científicos indicam que portadores de TDAH têm alterações na região frontal e as suas conexões com o resto do cérebro. A região frontal orbital é responsável pela inibição do comportamento (isto é, controlar ou inibir comportamentos inadequados), pela capacidade de prestar atenção, memória, autocontrole, organização e planejamento.
Por ser um transtorno, a criança ou mesmo o adulto têm a vida afetada em todos os aspectos e isso deve ser levado em consideração para que haja um diagnóstico preciso, explicou o especialista.
“Geralmente, a criança começa a apresentar problemas na escola. Não existe exame, quando se pede é para descartar outros problemas que podem confundir. O diagnóstico é a consulta para uma avaliação. Quando a pessoa tem esse problema, isso afeta toda a vida dela, seja em casa, na escola e as relações. O importante disso é que, se a criança tem o problema, vai continuar sendo um adulto com dificuldades. Agora, quando é uma criança que é mais uma questão de falta de limites, isso às vezes acaba confundindo e tem gente que acha que é o problema. Mesmo a criança que tem, ter um auxílio externo e a noção de limite ajuda a melhorar. Uma boa formação e uma boa educação são importantes para qualquer criança”, afirma.
“É muito comum chegarem pessoas adultas no consultório com uma história meio melancólica, dizendo que poderia ter feito algo mais na vida, porque todas essas coisas como dificuldade de manter a atenção e dificuldade de executar uma coisa resultam que a pessoa tenha dificuldades de ir para frente, seja no colégio, seja no trabalho, seja nos relacionamentos. Isso é muito frequente, principalmente na vida adulta, a sensação de que poderia ter feito mais”, continua.
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Fonte (Diário do Pará)
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