quarta-feira, 24 de setembro de 2014

CAFÉ COM ARTE

Sempre me dei possibilidades em conhecer pessoas. Ouvir suas histórias de vidas, muitas fundidas entre o real e o imaginário, mas todas emocionalmente embriagantes. Também tenho a minha, a qual chamo de “longa jornada”. Digo até que um dia vou escrever dois livros: uma autobiografia (real) e outro do que falam de mim. Com a convicta certeza de que o segundo será muito mais interessante e quiçá um best seller, pois, sem dúvidas, o povo é criativo. Nesses devaneios populares já fui para Dubai, China, Europa e se duvidar até para Nárnia, onde encontrei o Leão Aslan.
Certa vez, falei a vocês sobre a teoria da física da procura, aquela do filme Comer, rezar e amar em que nos últimos minutos finais, a protagonista diz: “No final eu acabei acreditando em uma coisa que eu chamo de física da procura. A força in natura governada por leis tão verdadeiras quanto às leis da gravidade. A regra da física da procura é mais ou menos assim: Se você for corajoso o bastante para deixar tudo para trás que é familiar e cômodo que pode ser qualquer coisa desde a sua casa até a amargura de antigos ressentimentos e planejar uma viagem de busca verdadeira tanto externa quanto interna... E se você estiver realmente disposto a considerar tudo o que acontecer com você nessa viagem como uma pista... E se você aceitar todos os que encontrar ao longo desse caminho como professores...E se estiver preparado acima de tudo a enfrentar e perdoar algumas realidades bem difíceis sobre si mesmo. A verdade não será negada a você.”
Pois bem, mais uma vez ela se fez presente, no último sábado, dia 20/09/2014, fui convidado para um café no bairro da Lagoa na casa da Sra., Maria Francisca da Silva Faria, amavelmente, chamada por amigos e familiares de “Kinha”. Café simples do jeito que eu sou. Ah, outra coisa com farofa de ovo frito, para mim o café ficou completo. Logo chegou o Sr., Cleo Farias, filhas e netos. Me senti tão acolhido. Falamos tanto de Deus e de nossas famílias. Lembrei-me da minha chegada a cidade de Rurópolis. Não nego: o admirável mundo novo me fazia medo. Acreditando que Deus tinha um propósito para mim nesta cidade, eu segurei na mão dele e assumi a delegacia. E me perguntei: e agora, São Jorge? E fui...sem muito pensar, fazendo um belo caminho e nesta trajetória me sentindo como os personagens do livro “O Mágico de Oz” (Autor- L. Frank Baum), ora o Leão (a procura de coragem), ora o homem de lata (a procura de um coração/humanidade), ora espantalho (a procura de um cérebro/sabedoria) e, porque não Dorothy que somente queria achar o caminho de volta para casa enfrentando bruxas e monstros, até chegar ao Mágico para ouvir dele que a chave para casa esteve sempre com ela.   
Meu pai e minha mãe sempre velaram por minha educação até mesmo nos momentos mais rebeldes da minha vida. Digo que são pessoas que “vivem em voz alta”, porque não se abatem com nada e nem com opiniões alheias, me ensinaram a ser útil e disponível para pessoas e acima de tudo não ter preconceito, seja quanto a cor da pele, sexualidade, religião e opiniões, pois estamos aqui somente de passagem e vivemos como podemos. Acho que por isso sou intenso, polêmico, chato, mas, apaixonante, isto não fui eu quem disse, mas sim uma autoridade (que não vou relevar o nome) falou quando eu o presentei com meu livro “Globalização e o Crescimento do Trabalho informal”. E compartilhando estas histórias, falando de família e de Deus, conheci um pouco da vida desta família tão generosa e abençoada. Revirei álbuns de fotografias, ouvi histórias, rimos, relembramos do saudoso “Gugu”, parecia que eu os já conhecia há anos e eu estava em casa. Tão em casa que invadi um dos cômodos do recinto e descobrir vários bonecos de São Francisco de Assis  feitos de “biscuit”, os quais estavam escondidos, confeccionados artesanalmente com tanta delicadeza em detalhes, somente um artista em potencial com amor, paz e ternura no coração, além da imensa devoção pelo Santo, seria capaz de fazer. Dona Kinha envergonhada disse: “Doutor, o senhor já descobriu, não era para o senhor mexer” E o interrogatório começou... Dona Kinha, eita mulher difícil para ser interrogada. Para que este monte de Francisquinho? Ela disse, timidamente: “A gente esta fazendo para ser vendido na festa do Padroeiro da cidade. Vamos ajudar a igreja com o dinheiro arrecadado. Tá feio doutor”. Eu falei: “Feio? Nada. Tá é lindo”, então, não me contive, carreguei todos os Francisquinhos do quarto, levei para janela da sala e fiz um Selfie com eles e com uma das artistas. Bem, Dona Kinha e seu Cleo Farias, tento negar, mas tenho faro para quem brilha e jamais posso deixar ofuscar este talento, por isso o torno público. Parabéns pelo trabalho. Acabei virando fã de vocês. Até o próximo café. Abraços fraternos do Dr. Ariosnaldo Vital Filho.
Ei vumbora terminar com a Oração do Padroeiro da cidade, ore comigo. 

Um comentário:

Anônimo disse...

Bela História. E a Arte do Delegado é descobrir talentos, trazer pessoas simples do Anonimato. Parabéns. Tenho profunda admiração.

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